quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

[...]

Em meio a águas turbulentas me sinto observada. Como por alguns anjos bons. Aqui os agradeço. O amor me surpreende a cada esquina, digo amor - digo vida.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

o último diálogo de reis.

- Quanto tempo!
- Pois é, quanto tempo...
- Tudo bem?
- Aham...
- Você disse que estaria por perto.
- Eu tentei.
- Você acha?
- (silêncio)
- Me desculpa, eu não vim te cobrar.
- (silêncio)
- Eu entendo, de verdade.
- Você tinha falado de amor...
- É porque amo.
- (silêncio)
- Tive uma idéia!
- Lá vem...
- Que tal a gente ir pra algum lugar? Vênus, talvez?
- É impossível...
- Não se você tiver do meu lado.
- (risos)
- Você nunca me leva a sério...
- Tá bom...
- Viu?
- E quando a gente volta? Quando acaba?
- Bem...
- Antes você dizia que não acabava nunca.
- (silêncio)
- Tá tudo bem...
- Algumas coisas mudam, afinal. Mas nem todas.
- (silêncio)
- Acaba quando a gente quiser... é aí onde quero chegar!
- (silêncio)
- Faz o seguinte. A gente se liberta.
- Libertemos então.










"
Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós.
Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós. ."

domingo, 28 de novembro de 2010

segunda falsa ode à Ele.

Pelo bem que cercado de amor, cerca o amor de bens. Pelo tempo que me foi generoso. Pelos dias que me foram calorosos. Pelos abraços. Pelos carinhos. Pelas noites. Pelos risos. Por ser maior, e ser menor. Por ser imenso... Pela sinceridade. Pela amizade que um dia cultivei. Pela oferenda. Pela troca. Por ser humano. Por ser da trova. Do trevo, da chuva de anis. Pelo verde, pelo amor, por amar, com amor... obrigada.




Porque amor pra mim não acaba, transforma.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Calo-me.

Detesto a fúria e os furiosos.
A própria raiva me enraivece.

Disse Paulo:
"Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sob a vossa ira" (Ef. 4:26)

sábado, 30 de outubro de 2010

Quantos lugares ao mesmo tempo?

Penso cada vez mais longe.
Vejo cada vez mais longe.
Toco cada vez mais longe.
Saboreio cada vez mais longe.
Respiro cada vez mais longe.
Cheiro cada vez mais longe.
Ouço cada vez mais longe.

Sinto cada vez mais.




É, a água levou.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Uma história marrom-bombom.

Era uma vez
um menino amarelo
que comeu um cogumelo azul
e desde então
tudo aquilo que ele encostou
ficou verde fluorescente.

Era uma vez
uma menina roxa
que comeu uma flor preta
e desde então
tudo aquilo que ela encostou
ficou laranja metálico.

Em algum 'era uma vez'
o menino amarelo do primeiro parágrafo
esbarrou na menina roxa do segundo
e desde então
tudo ficou rosa bebê.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Ela diz por mim.

Sinal Fechado - Chico Buarque

- Olá, como vai?
- Eu vou indo, e você tudo bem?
- Tudo bem, eu vou indo, correndo, pegar meu lugar no futuro, e você?
- Tudo bem, eu vou indo em busca de um sono tranquilo, quem sabe..
- Quanto tempo!
- Pois é, quanto tempo...
- Me perdoe a pressa, é a alma dos nossos negócios,
- Qual, não tem de quê. Eu também só ando a cem.
- Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí.
- Pra semana prometo talvez nos vejamos, quem sabe...
- Quanto tempo!
- Pois é, quanto tempo...
- Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das ruas..
- Eu também tenho algo a dizer, mas me foge a lembrança..
- Por favor telefone eu preciso beber alguma coisa rapidamente.
- Pra semana,
- O sinal...
- Eu procuro você.
-
Vai abrir, vai abrir..
-
Prometo não esqueço..
-
Por favor não esqueça, não esqueça..
- Adeus.
- Adeus.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Um carinho, pra flô-amarela.

Já pensei em sete verso
sete fita colorida
estrelas, sete, de vida
sete nuvem de algodão
Pra módi mandá pra minina
sete flô de laranjeira
e de manhã a brisa primeira
que é pra aquietá o coração

Ser ela e menina-flô
ser mar e enchente na vida
ser sorriso e brilha que gira
ser jeitinho de chegá com amô
.

domingo, 8 de agosto de 2010

Borra e Onde as luzes tocam o chão.

Os desenhos fitados de azul e vermelho agora giram. Rodopiam freneticamente. À velocidade da luz. As cores se misturam virando borrões. As linhas se misturam virando nós. Os limites se misturam virando nada. Confusão. Embaraço. Mancha - como aquela da blusa branca preferida que nunca mais quis sair (pouco me importa). Poesia concreta em pintura realista. Vira voz. Vira som. Mas não harmonia. Abstracionismo geométrico sem retas, sem abstração e sem geometria. Lágrimas roxas, fruto da combinação. Dos desenhos fitados em sombra e pó de arroz fino - máscaras. Dos segredos susurrados. Divididos. Cumpliciados. Conquistados. Agora vá à janela. Sinta a brisa. Respire fundo. Feche os olhos. E só imagine as imagens. Só desenhe no ar. Os meus borrões azul e vermelho. De volta ao começo.

domingo, 1 de agosto de 2010

Poema pra quando ela voltar.

Criança moleca bate asas.
Voa longe.
Brinca de ser gente grande.
Brinca longe.
Constrói castelos de areia nevada.
Constrói longe.
Troca a casinha por nova morada.
Troca longe.
Pinta pastel a própria história.
Pinta longe.
Cria saudade do sorriso levado.
Cria perto.

Vai, pequena, ser grande na vida.

sábado, 24 de julho de 2010

diálogo de reis IV

- Sabe..
- Hã?
- Também não gosto de nada disso.
- Nada disso o quê?
- Isso ué.
- Não entendi.
- De distância, saudade.
- Até que é bom.
- (silêncio)
- Pro reencontro, digo.
- (silêncio)
- Isso de saber que se tem.
- Que tal um passeio?
- Como?
- No alto de um morro bem frio.
- Agora?
- É.
- E depois?
- Depois também
- E depois?
- Também.
- E quando acaba?
- Não acaba. Aí onde quero chegar.
- Isso soa familiar.
- (silêncio)
- Podemos ir de helicóptero?
- Que tal balões?
- Só nós dois?
- E de lá vamos pro infinito.
- Impossível.
- Faz o seguinte. A gente se casa.
- Casemos, então.















"Só conheço uma liberdade,
a do pensamento."

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Livre-se asas.

Aconteceu que, seja como for (pois independe da lenda), Dédalo, junto ao seu filho Ícaro, foi preso no labirinto do Minotauro (que já estava morto à essa altura da história), que ele próprio construiu. Então, juntou asas de gaivota e cera do mel de abelhas, e delas fez dois pares de asas pra que ele e seu filho pudessem se salvar. Dédalo lembrou de alertar o menino a não subir tão alto que aproxime-se demais do sol, nem tão baixo que sinta a brisa do mar. Mas, extasiado com a liberdade das penas, Ícaro se esquece dos conselhos do pai e rasga as nuvens rumo ao astro luminoso... Voa tão alto quanto consegue voar! Com a alta temperatura a cera das penas do jovem-alado foi se derretendo, as asas se desmanchando e sua história terminando no fundo da beira do mar. Enquanto Dédalo, entre lágrimas, chegava seguro à costa lamentando a (in)fortuna da sorte de poder voar.


Pintura: "A queda de Ícaro" - óleo s/tela - de JFMachado

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Canção da Falsa Tartaruga


"Cante a 'Sopa de Tartaruga' para ela, certo companheira? A Tartaruga Falsa soluçou profundamente, e começou a cantar, numa voz entremeada por soluços:

'Que bela Sopa, suculenta e trigueira,
Espera por nós na quente sopeira!
Quem por ela não suspira, não diz opa?
Sopa da noite, que bela Sopa!
Sopa da noite, que bela Sopa!
Ooooó... Bela Sooo... paa!
Ooooó... Bela Sooo... paa!
Sooo... paa da nooo... iii... teee,
Bela, bela Sopa!
Que bela Sopa! Quem quer saber de pastel,
Assado ou outro pitéu?
Uma sopinha fumegando no prato,
Não é de se tirar o chapéu?
Ooooó... Bela Sooo... paa!
Ooooó... Bela Sooo... paa!
Ooooó BEEELA SOOPA!

'O refrão de novo!' gritou o Grifo, e a Tartaruga Falsa estava começando a repeti-lo quando se ouviu um brado à distância: 'O julgamento está começando!'.

'Vamos!' gritou o Grifo, e tomando Alice pela mão, saiu correndo, sem esperar pelo fim da canção.

'Que julgamento é esse?' perguntou Alice, ofegante, enquanto corria; mas o Grifo respondeu apenas 'Vamos!' e correu ainda mais depressa, enquanto, cada vez mais tenuemente, carregadas pela brisa que os seguia, lhes chegavam as palavras melancólicas:

Sooo... paa da nooo... iii... teee,
Bela, bela Sopa!
"


(retirado de "Aventuras de Alice no País das Maravilhas", de Lewis Carrol, tradução de Maria Luiza X. de A. Borges)

sábado, 10 de julho de 2010

título preto e branco de um post preto e branco.

Cômodo preto e branco. Luz preto e branca. Menina preto e branca.
Voz em off: Me deixa fazer parte.

Menina preto e branco faz que não com a cabeça preto e branca. Aperta o bolso preto e branco da camisa preto e branca.

Cômodo:
Deixa fazer parte.
Luz: Deixa fazer parte.
Bolso: Deixa fazer parte.
Camisa: Deixa fazer parte.

Parede preto e branca. Guarda-roupa preto e branco. Cama preto e branca. Lençóis preto e brancos. Janela preto e branca com cortina preto e branca. Sapo de pelúcia preto e branco. Menina preto e branca chora lágrimas preto e brancas enquanto ri transtornada risadas preto e brancas.

Sapo:
Deixa fazer parte.
Parede: Deixa fazer parte.
Guarda-roupa: Deixa fazer parte.
Cama: Deixa fazer parte.
Janela: Deixa fazer parte.
Lençóis: Deixa fazer parte.
Cortina: Deixa fazer parte.
Lágrimas: Deixa fazer parte.
Risadas: Deixa fazer parte.

Menina preto e branca liga som preto e branco, dele saem notas preto e brancas em pautas preto e brancas. Soa o som preto e branco numa melodia preto e branca.

Som: Deixa fazer parte.
Notas: Deixa fazer parte.
Pautas: Deixa fazer parte.
Melodia: Deixa fazer parte.

Menina preto e branca desiste e desliga o som preto e branco, então abre a janela preto e branca. Borboletas preto e brancas e pássaros preto e brancos entram cada qual carregando uma ponta preto e branca de um pano preto e branco que carrega bolhas de tinta preto e brancas.

Janela:
Deixa fazer parte.
Borboletas: Deixa fazer parte.
Pássaros: Deixa fazer parte.
Bolhas: Deixa fazer parte.

Menina preto e branca relutante faz que sim com a cabeça preto e branca, pega no bolso preto e branco uma chave preto e branca: abre um baú preto e branco - que estava no guarda-roupa preto e branco - de onde tira outra chave preto e branca. Destranca a própria boca preto e branca e vomita... Vomita colorido.

O mundo então se cala.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

frase roubada.

da pedagogia do teatro. da menina de olhos estalados. da criança/adulta de cachos dourados:

"Toda certeza absoluta pode ser simples gravidez psicológica" (Morin)

sábado, 3 de julho de 2010

Baile do Príncipe


Mais um vídeo da minissérie 'Hoje é dia de Maria'. Nesse trecho passa a cena do 'Baile do Príncipe' (parodia da Cinderela), mas chamo atenção para os bonecos: de até 3 metros de altura, foram feitos em papel e telas metálicas remetendo à silhuetas de insetos. O Príncipe não tem rosto, e como os demais bonecos da 'corte' também não tem cor.

terça-feira, 29 de junho de 2010

diálogo de reis III

- Quanto tempo.
- Pois é.
- Não está com saudade?
- Acho que sim.
- Acha?
- É...
- (silêncio)
- Você está diferente.
- Sabe o que é?
- Hum?
- Tem uma coisa coçando aqui.
- Aqui onde?
- No meu pescoço.
- Quer que eu olhe?
- Acho que sei o que é.
- O quê?
- Um beijo.
- (silêncio)
- Tira ele pra mim?
- Agora?
- É.
- E depois?
- Depois ele reaparece, e você tira de novo.
- E depois?
- De novo.
- E quando acaba?
- Não acaba. Aí onde quero chegar.
- Ah. Parece bom.
- Enquanto isso, que tal um filme?
- Há! Você está me cantando!
- (silêncio)
- Tudo bem, gosto disso.
- (silêncio)
- Faz o seguinte, a gente se ama.
- Amemos, então.









"Tu te tornas eternamente responsável
por aquilo que cativas"

quinta-feira, 24 de junho de 2010

diálogo de reis II

- Sonhou?
- Sim e você?
- Sonhei...
- E...?
- (silêncio)
- Como foi?
- Na verdade não sei, não lembro.
- Ah... então era mentira?
- Claro que não.
- Melhor.
- (silêncio)
- O que temos pra hoje?
- Só o estresse cotidiano, nada mais.
- Ah.
- Pois é.
- E se a gente trocasse ele por batata frita?
- Com catchup?
- Se você preferir.
- É. Parece bom.
- Agora que tal um vôo?
- Agora?
- É.
- E depois?
- Depois também.
- E depois?
- Também.
- E quando acaba?
- Não acaba. Aí onde quero chegar.
- Acho que já vi isso antes.
- Posso ficar aqui um pouco? Abraçada em você?
- Tudo bem, eu espero.
- E se eu não soltar mais?
- (silêncio)
- Faz o seguinte, a gente avoa assim.
- Avoemos, então.









"Se tu vens, por exemplo, às 4 da tarde,
desde às 3 eu começarei a ser feliz."

segunda-feira, 21 de junho de 2010

diálogo de reis I

- Quero você aqui comigo.
- Aqui onde?
- No meu peito.
- Agora?
- É.
- E depois?
- Depois também.
- E depois?
- Também.
- E quando acaba?
- Não acaba. Aí onde quero chegar.
- Ah. Parece bom.
- A gente pode tomar café juntos. O que acha?
- Acho que prefiro suco.
- Tudo bem. A gente pode trocar de vida(s).
- Como?
- Trocando, ué.
- (silêncio)
- E dançar uma valsa venuniana zuliar.
- Isso não existe.
- A gente inventa.
- (silêncio)
- Só quero você aqui comigo, ok?
- Ok. Mas já tenho que ir embora.
- Ah, entendo. Então até.
- Mas ei.
- Sim?
- Vou me lembrar de você.
- Vai?
- Faz o seguinte, a gente se sonha.
- Sonhemos, então.








"Serás para mim único no mundo
e serei para ti única no mundo"

para Marília,

'qualquer coisa mesmo. Só pra atualizar.'


saudade!

sábado, 12 de junho de 2010

à La belle

Donos dos próprios sonhos, riem soltos.
Enrolados na própria história,
na própria dúvida,
no próprio medo, sorriso e
brilho.
Sapequice escondida no beijo de
um domingo azul.
Intrínsecos. Múltiplos. Vários.
Um.
Redondamente apaixonados.
Crianças. Adultos. Poetas que viriam a ser.
Recheados com licor de cereja
e creme de chantilly.
Inventores dos próprios moinhos, choram soltos.
Divididos em corda-bamba,
ora no céu, ora no chão.
Misturados de poesia, verso e prosa.
Recém-morados, casados,
bebuns.

Aos dourados cachos de Jour: Sim!
Vamos acreditar!

______________
Observações do dia que já não me lembro qual é: parábola da semeadura (você colhe o que planta), efeito cascata/borboleta (você vive o que escolhe/você colhe o que planta), ansiedade do querer fazer (engessamento do cérebro).

quinta-feira, 3 de junho de 2010

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Uma imagem vale mais que mil palavras. II


Auto-explicativo. ha há!
E pensando bem, o amor até que está pra peixes, sim.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Uma imagem vale mais que mil palavras I


Lembrete: em meio ao caos não esquecer de Ser,
Viver, Sentir e Respirar.

sábado, 8 de maio de 2010

à beira das 'franja' do mar.

O caso é que o peixinho dourado também é parte da história. E o amor não está para peixes.


'se eu fosse um peixinho e soubesse nadar, eu tirava o fulano lá do fundo do mar'...



ps.: no vídeo, outro trecho da minissérie 'Hoje é dia de Maria',
primeiro capítulo da segunda temporada.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

mito de Sísifo

É sobre o sujeitinho trapaceiro, que teve a ousadia e capacidade de enganar a Morte - por DUAS vezes. E não só a Morte, mas também Hades, Zeus, entre outros deuses menos importantes na história... (a verdade mesmo é que não lembro dos nomes). Quando o ladrãozinho malandro finalmente bateu as botas foi condenado à uma eternidade inteira empurrando um enorme rochedo montanha acima, com o objetivo de levá-lo até o topo, mas sempre que chegava perto do cume, uma força sobrenatural empurrava o rochedo de volta para o chão fazendo-o retomar a tarefa num ciclo interminável de subidas e descidas. E fim.

(Foto: Performance Oferenda à ele - vide post anterior)

*Notas do dia:
- Pedra: substância sólida e compacta, da qual se formam as rochas.
- Rocha: grande massa de pedra da mesma estrutura.
- Rochedo: rocha batida no mar, escolho.
- Escolho: penhasco que está de todo escondido ou só à superfície do mar.
- Mineral: substância inorgânica existente na terra.


*retiradas do dicionário on-line Priberam

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Sobre amor e laranjas.

Suor de leite, essência de laranja. Corrida e exaustão. Cansaço físico, psicológico. Ir até onde o corpo aguenta. Explorar o limite, e o que vem depois... Improvisação. Alguém, por favor? Mobilização. O amor como uma necessidade, uma sede insaciável que exige doação, entrega e oferenda. Pule! Liberte-se. Amarre-se. Seja refém daquilo que é maior. Não tente entender. Não tente controlar. Não tente lutar. Apenas pule... voe! Jabuticabas, laranjas, leite, vinho, cacos de vidro e penas.. de tudo isso se vale o amor. A essência da beleza e imperfeição. Repetição. De erros, acertos, beijos e brigas. Daquilo que preenche e esvazia. Sufoca e libera. Esse misto estranho de sedução e trapaça, do qual você necessita, mas não sabe lidar...

"dai chega o amor e diz: pula! Se olhar pra trás eu atiro"
(Ernane Fernandez)



Performance "Oferenda à ele", por Letícia Mariano (jo) e Ernane Fernandez
Sinopse: Da ânsia ao deleite, o amor mostra suas faces, suas inquietações, seus mimos e seu bem-me-quer, mal-me-quer.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

falsa ode* à Ele (Poeta);

Pelo 'bem' que me cerca de amor. Pelo 'amor' que me cerca de bens. Pela rocha que sustenta o fio. Pelo fio que segura a rocha. Pela base. Pelo ar. Pela água que mantém viva a semente - plantada em vaso novo, regada à leite e mel. Pela semente que dá sentido a água - descida em terra fina, destilada, expulsa do leito-céu. Pelo tudo. Pelo nada. Pelo dia. Pela madrugada. Pelo pássaro verde. Pela borboleta azul. Por tudo que transborda, que infla, que renova, que mobiliza e que mantém. Pelo frio que me aquece. Pelo calor que me dá calafrios. Pela prece. Pelos filhos - que um dia dia eu terei... Pelo amor, por amar, com amor, obrigada.


*Pouco me dou às regras, por não se tratar de métrica,
mas de fluído, pulso, essência e louvor. (Desculpem-me a ousadia.)

terça-feira, 27 de abril de 2010

Pra aliviar a tensão. E o coração. III - Cavaleiro-Mor


Na janela, um pássaro verde
o mesmo de outrora,
agora pousado
em meio as árvores e flores do mês de
abril.
Mergulho oceano adentro meio a
águas flutuantes,
algas roxas.
montada na garupa de um
cavalo-marinho negro,
de crina flamejante.
junto ao Cavaleiro-mor.
O digníssimo e honrado Cavaleiro
Pássaro Voante de Chumbo
condecorado pela ordem da Águia
Rubra..
Inglesa ou polonesa, sabe-se lá..
E quem se importa? Ubu talvez. (risos)
Porque eu,
querido Poeta,
me interesso pela
resposta sincera e disposição dos seres,
quero o doce vinho/leite - gratuito, dado.
Amor inocente.
Tarde de outono.
O encanto das Suas linhas
(e dos encontros)
Vida-roda a vir e rodar.

"Estranho o destino desse jovem mulher, privada dela mesma, porém, tão sensível ao charme das coisas simples da vida..." (Filme: Amélie Poulain)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Pra aliviar a tensão. E o coração. II - Flores Abrilianas

Flores, nuvens e perfumes
incendeiam o mês
de abril.
Cores, imagens e morangos
acompanham os
dias.
outrora apagados,
outrora desnudos,
outrora esfomeados,
outrora insaciadas
as sedes.
Outroras... amoras... auroras...
Da brisa, do ar, do calor, da
água morna.
Agora a sexta. (sem feira ou
outra complementação)
Agora a temporada
descoberta de peixes voadores e
pássaros errantes desbravando o oceano
(adentro).
As pétalas escancaradas
pra receber a luz do sol. Mas
principalmente agora,
a luz da lua.

"Quando o dedo aponta para o céu, o idiota olha para o dedo" (Filme: Amélie Poulain)

domingo, 11 de abril de 2010

Pra aliviar a tensão. E o coração. I - Pássaro de papelão

Na janela, um pássaro verde;
vejo nítido
Tão real quanto a flor branca, e a joaninha
outrora pousada na minha mão;
arredio chega, curioso olha,
me engole com o vago olhar (e não-olhar)...
de quem quer sugar a alma
em cores verdes/vermelhas.
Todas fortes. Vivas.
Folhas e morangos (que vontade!).
Então (en)canta-me.. em tons maiores,
menores que sol.
abre as asas com um quê de provocação,
desafio, teste... como se esperasse
ver se eu ousaria dizer não.
Eu disse, fechei a janela;
mas continuou firme. Provocador.
Nítido. O pássaro verde.
Agora na árvore com o mesmo duro olhar;
Abro então, a porta. Digo sim.
E mergulho em suas penas.
Mergulharei.


"Então, pequena Amèlie, os teus ossos não são feitos de vidro. Podes levar algumas pancadas da vida. Se deixares escapar esta oportunidade, eventualmente o teu coração vai ficar tão seco e quebradiço quanto o meu esqueleto. Então, vai apanhá-lo!" (Filme: Amèlie Poulain)

sábado, 10 de abril de 2010

Porquelismos.

[...]

Escrevo porque é terapêutico,
e me recuso a procurar a psiquiatria.
A loucura é normal...
A normalidade sim, me aparece insana!

[...]

terça-feira, 6 de abril de 2010

sobre Peixes Voadores, comemorações e idéias Mal-ditas


_______
Sobre peixes voadores...
Tudo certo, na hora certa, no segundo certo. Meu 'anjo-da-guarda' sempre foi forte, e acho que já teve mais trabalho do que muitos outros anjos por aí... Incrível como depois de tanto tempo, resolvi sentir falta do sal, do sustento. Da proteção, do companheirismo. Do mar dos olhos... mas como disse, houve resposta. Rugiram as ondas. O vento declamou um poema do meu velho caderno de prosa. Os trovões me fizeram serenata ao luar, enquanto os peixes voavam pela janela afora. E a concha branca? Bem, essa me susurrou baixinho, dos segredos mais profundos do oceano, disse que ainda há amor. Há verdade. No fundo do mar, onde mergulham as borboletas-marinhas. Por enquanto, basta...!

_______
Sobre comemorações...

Só pra constar, ontem completei 1 ano de blog.. =)

_______
Sobre idéias Mal-ditas...
Toda terça-feira no blog do Maldito tinha uma série chamada "Meninas do Mal", que mostrava o lado sombrio das princesas da Disney, com o término da série, ele abriu pras meninas que quisessem mandar fotos do seu lado sombrio, e hoje minha carinha 'maligna' está por lá, quem quiser conferir meu lado 'dark' (zueira total), passem lá: "DITOS PELO MALDITO"

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Versos não ditos (ou ditos na hora errada) II

Flor por encomenda

Letra contada, verso contido,
poema restrito, rima desfeita.
Então me atiro, retiro
a letra, o acento, a rima,
ponto e exclamação!
Fica a essência, palavra feita,
q'arde viva, me rouba canção!
.

terça-feira, 30 de março de 2010

Versos não ditos (ou ditos na hora errada) I

Folha de seda verde-azul

Lua de Vênus, cartas na manga
mangas tiradas da bananeira
Corda de ouro, concha de areia
rosa-fruta-flor voa em pó
Brisa suave, nuvem chicoteia
dois sóis no céu cantam em dó
E a menina de asas? Sonha...
.

sábado, 27 de março de 2010

a Arte nos libertará!

Hoje, dia 27 de março, é o dia Internacional do Teatro e do Circo. A todos os colegas, parceiros, amigos, mestres, 'ídolos', só posso dizer uma coisa: merda sempre!



"Penso que passo,
que piso, que fujo,
Ao passo que fujo
pensando em pisar
Penso e repasso o
que penso da fuga
Nada, nada, repito em voz baixa,
roubando Adélia,
o Teatro nos libertará!"

(autor desconhecido)

quinta-feira, 25 de março de 2010

Para alguém, de presente.

Livre e leve. Voa saltitante; pétala solta à brisa-verão. Cabe tudo em sete versos? 30 espaços? Fonte Verdana? Tamanho 11? Que caiba pelo menos a intenção... Da rima, tesouro e paixão. Do arco-íris de estrelas cadentes. Da música suave e forte ao piano. Do sorriso dele, que pego inocente. Da flor cultivada em nuvem de outono. Que caiba pelo menos o meu coração.


Só ele, e nada mais.
Esse coração de palhaça.

terça-feira, 23 de março de 2010

por dentro das reticências...


Eu gosto dos risos contidos, exprimidos e retidos, que no fim (...) não conseguem se conter. Gosto do olhar, do canto dos olhos, desviado, disfarçado, fugido, que no fim (...) não consegue se esconder. Eu gosto das mãos esbarradas, tímidas, risonhas e trôpegas, que no fim (...) não conseguem se mover. De tudo isso. O que eu mais gosto. São os encontros e desencontros que no fim (...) vão se resolver.

(...no fim da linha, do fio,
da lembrança.
Do pensamento.
No fim das reticências,
por DENTRO das reticências,
parênteses precários,
tudo pode acontecer...!
E é por isso que planto as
sementes.
Espero as flores do mês de abril...
a temporada!
Chuva de cores e laços,
de fita amarelo-azul.
Um viva ao Rei-vento, o Poeta-trovão!
E a todos vocês,
queridos passageiros,
minhas caras boas vindas,
À estação reformada de Vênus.
Boa viagem;
apertem os cintos;
sigam as cadências febris;
aqui fala, da estação-mor, a Maquinista do tempo
tempo-espaço aqui-agora
onde Reina o meu Príncipe-Poeta...)


sexta-feira, 19 de março de 2010

Revirando tralhas...

... descartando os cacos. Desgarrando do que passou. Arrumando as pétalas vivas. Revirando as gavetas. Limpando o espelho quebrado. Meu baú de memórias. Contando estrelas da noite passada. Retomando o caminho perdido. Recuperando a essência do nome. Regando as plantas. Refazendo as malas. Preparando o coração. Cultivando... amor! Gerundiando o agora. ("Agora? Já passou...") O que está por vir... mas não quero pensar, não penso! Deixo ao meu Poeta preferido... que escreva o que lhe convir! Eu só sigo as Tuas letras...



"Sim, eu acredito na força do TEATRO! Sim, eu acredito na força da ARTE! Sim, eu acredito na força da POESIA! Eu acredito, sonho, crio e recrio. Eu vôo, pulo, salto e me atiro. Jogo, apelo, não brigo e engulo. Respiro, esqueço e faço tudo de novo. E de novo... E de novo... E DE NOVO! Estou saindo do meu canto de conforto, e indo pra zona de risco. Talvez esteja no fundo do po....

...talvez seja só o início!"



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A foto e o texto (de baixo) compuseram um trabalho
que fiz na facul, em 2009, onde eu 'falava' da minha trajetória Teatral.

segunda-feira, 15 de março de 2010

'As era do universo passa, e o hômi que ama fica'

Um trechinho da mini-série 'Hoje é dia de Maria', onde o palhaço/poeta Quirino, de uma trupe de saltimbancos na qual Maria se juntou, declama um poema...


"E há de permanecer a fé, a esperança e o amor.
Porém dos três, o maior destes é o amor!" (I Co 13:13)


Só isso. Tudo isso. Reburbulha. Me preenche!

quarta-feira, 10 de março de 2010

conforme as Imagens*


E a paisagem descia macia, da ponta dos meus dedos trêmulos à folha de papel recém-cortada da raiz-árvore-mãe. E a cada movimento de lábios, e piscar de olhos, novas montanhas, flores e pássaros surgiam na letra desenhada em folha de seda verde-azul. Girassóis cata-ventos de cêra, e beija-flores de giz. No tempo espaço aqui-agora, e nada mais que água e ar. Nada além de terra e céu. Nada mais forte que as mãos dadas e a melodia fina da flauta-lisa - que acabei de inventar. Tudo isso pra quê? Por quê? E como?

Pra que eu respirasse. Porque a vida florescia. Como eu sonhava.
E eu não queria ficar pra trás. Não poderia.

*

sábado, 6 de março de 2010

da Estante para a Vida (real?)


A face que encoberta a face,
que dá outra vida,
outro corpo, outra alma,
outros olhos...

O jeito que transforma os jeitos,
modifica as vozes,
os 'tiques', os passos,
as solidões...

A pele que adere a máscara,
que encoberta a face,
que transforma os jeitos,
que dá vida a novos seres.

Pensantes. Pensáveis. Pensadores...
Bonecos pulsantes caminhando
alados, em meio a carros, cores, gestos,
Cenas. Coxias. Cortinas. Atos.

Flutuando... Amando... Atuando...
Em Meio a Vida. Em Meio de Vida. Em Vida sem Meio.


(Decorando rostos, criando vida...)


(Na foto acima, meu primeiro trabalho com Máscaras e gesso, mais fotitas e detalhes no meu outro blog onde exponho meus 'trabalhos': www.atelie-bailarina.blogspot.com)

quinta-feira, 4 de março de 2010

Cortina de retalhos.


Quero uma escada. Mas não uma qualquer, quero uma escada grande... BEM grande. Gigante, eu diria. E mágica, pra que passe pela minha janela. Que me leve até a Lua. Mas não essa Lua sem graça dos jornais, cinza, esburacada, sem-vida... Quero chegar à MINHA lua, a Lua que aprendi, que sonhei, admirei, que chorei, que foi minha Rainha-confidente-fiel. A Lua dos coelhinhos. A Lua amarela brilhante com formato de queijo, que vez ou outra pisca sorridente pra mim, que guarda segredos, exala mistério, inspira os amores febris. E, chegando lá, na minha Lua, não vou precisar de aparelhos, roupas estranhas, oxigênio ou comida artificial. Só uma rede de caçar-borboletas, que é pra eu pegar minha estrela-cadente. O que eu pediria? Bem, só que remendasse meus retalhos...


... e minha vida!

terça-feira, 2 de março de 2010

[In]quieta.


E se... de repente,

O meu quarto virasse de ponta cabeça?
O mundo resolvesse girar pro outro lado?
A lei da gravidade começasse a nos expulsar da Terra?
E a inércia nos cortasse violentamente o movimento?

E se... de repente,

O corpo em repouso se libertasse em gestos fortes?
A velocidade média se calculasse sem a medida do tempo?
Murphy aconselhasse as pessoas a serem otimistas?
As lâmpadas soltassem o escuro pra abafar o brilho da noite?

E se... de repente,

Não existisse tpm, cólicas mentruais ou dores de parto?
Os homens não pensassem nas curvas femininas?
O número PI fosse exatamente 4.0?
Eu tivesse o poder de acabar com todas as leis da física?

E se... de repente,

Tudo isso já não tivesse acontecido?
E a minha escrita não passasse de borracha?
E minhas letras de sabão em pó barato?
Então meu desafeto (des)ilusório, em amor se converteria?

E se... de repente,

Todos olhassem e vissem através de mim?
E só importasse o meu coração? [...]
E as aparências fossem detalhes genéticos desapercebidos?
E então a moda seria o silêncio e a meditação?

E se... de repente [...]

Você quisesse mesmo resolver a equação gramatical de Vênus?
Bem, nesse caso, e só nesse... eu abriria uma concessão,
E cederia à ordem natural das coisas.
Voltaria ao tempo em que nada era cadente.

Até lá, melhor dormir...
Boa noite!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

(in)Explicando o sumiço... e o Acaso.



Dos Acasos Acasionados pelo tempo-Rei.

É incrível.
Simplesmente... a vida.
As voltas e rasteiras que ela
insiste em me dar.
A cada tosco dia.
Comum, falho.
O Acaso mais uma vez me
abre os olhos, e me
(cospe) joga na cara.
Abarrotada,
de sentimentos confusos.
Que Ele está no controle de tudo.
Não eu.
Com a minha pequenez.
Ele dita,
quando caem as folhas, e levantam os pássaros.
As estrelas cadentes, pérolas de ouro.
E eu só fico minúscula, pedra
branca, concha vazia, a
procurá-las na noite sem céu...
O Acaso me esfrega na 'fuça'
que o Seu tempo
não é o meu.
E que chorando, não vou conseguir nada
na MINHA hora.
Eu sou nada, sou vagão, sou pó.
Flor dente-de-leão,
levada pelo vento-Acaso.
Acaso-trovão.
O Acaso ri, gargalha, tira sarro da minhas
mimadices. E mesquinharias.
A isso, tudo isso, que chamam Acaso,
eu nomeio
Rei-Tempo, Acaso-Deus.
E nesse caso, TUDO, e não 'nada' é por Acaso...
como dizem infames por aí.
Porque só Ele sabe as curvas que o trem vai dar.
Sem saída, me abandono agora, ao
vento-trovão-Acaso.
Ruflo as asas ('de par em par')...
... e que os anjos-Acasos me levem, ao infinito.
Cadente.


(Amém)

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Sobre as Noites dos Mascarados


Porque agora, tudo, absolutamente
tudo está dentro da lei.
Não há faroestes. Regras. Ou pecados.
Só um caos.
'Levemente organizado' e temporariamente permitido.
Uma tomatina libidinosa, quem sabe.
Sempre fugi de tudo isso.
Medo de me contaminar, talvez, com essa liberdade
quase (senão) insana, desprovida de paixão
(ou sofrendo de excesso da mesma).
Penso em algumas décadas atrás,
Os Pierrots, as Colombinas e os... Arl.. deixa!
(por agora estou farta de Arlequins)
Talvez fosse melhor.
É que hoje,
vejo a Magia vulgarizada.
O brilho apagado, e o mistério desnudo.
Talvez me linchem por pensar assim, mas é o que sinto..
sinto falta de amor por detrás dos gestos,
afeto.
Quero dizer
que não sirvo para as butecadas, não sirvo para o instante.
Nem pra essas paixões loucas e 'abertas'.
(não sirvo pra ser amante)
E talvez, também não sirva para os carnavais.
Só sinto uma leve/estranha saudade, dos tempos
antigos... do baile de Romeu e Julieta.
Da ânsia de descobrir o que há por trás das máscaras,
das roupas, das fuligens, dos confetes...
de amar
pela frestinha de olho que se vê.
E aí sim, me apaixonaria perdidamente por esses dias...
loucamente!
Trago à tona meu romantismo bobo, rebuscado... disfarçado
de baixa auto-confiança, firmeza travada.
Me entrego. Me revelo. Sempre mais.
Deixo transparecer a menina dos meus olhos.
É que no fundo. No fundinho. Eu amo. Eu choro. E eu me apaixono, sim.
Eu sofro pelos carnavais.