terça-feira, 29 de junho de 2010

diálogo de reis III

- Quanto tempo.
- Pois é.
- Não está com saudade?
- Acho que sim.
- Acha?
- É...
- (silêncio)
- Você está diferente.
- Sabe o que é?
- Hum?
- Tem uma coisa coçando aqui.
- Aqui onde?
- No meu pescoço.
- Quer que eu olhe?
- Acho que sei o que é.
- O quê?
- Um beijo.
- (silêncio)
- Tira ele pra mim?
- Agora?
- É.
- E depois?
- Depois ele reaparece, e você tira de novo.
- E depois?
- De novo.
- E quando acaba?
- Não acaba. Aí onde quero chegar.
- Ah. Parece bom.
- Enquanto isso, que tal um filme?
- Há! Você está me cantando!
- (silêncio)
- Tudo bem, gosto disso.
- (silêncio)
- Faz o seguinte, a gente se ama.
- Amemos, então.









"Tu te tornas eternamente responsável
por aquilo que cativas"

quinta-feira, 24 de junho de 2010

diálogo de reis II

- Sonhou?
- Sim e você?
- Sonhei...
- E...?
- (silêncio)
- Como foi?
- Na verdade não sei, não lembro.
- Ah... então era mentira?
- Claro que não.
- Melhor.
- (silêncio)
- O que temos pra hoje?
- Só o estresse cotidiano, nada mais.
- Ah.
- Pois é.
- E se a gente trocasse ele por batata frita?
- Com catchup?
- Se você preferir.
- É. Parece bom.
- Agora que tal um vôo?
- Agora?
- É.
- E depois?
- Depois também.
- E depois?
- Também.
- E quando acaba?
- Não acaba. Aí onde quero chegar.
- Acho que já vi isso antes.
- Posso ficar aqui um pouco? Abraçada em você?
- Tudo bem, eu espero.
- E se eu não soltar mais?
- (silêncio)
- Faz o seguinte, a gente avoa assim.
- Avoemos, então.









"Se tu vens, por exemplo, às 4 da tarde,
desde às 3 eu começarei a ser feliz."

segunda-feira, 21 de junho de 2010

diálogo de reis I

- Quero você aqui comigo.
- Aqui onde?
- No meu peito.
- Agora?
- É.
- E depois?
- Depois também.
- E depois?
- Também.
- E quando acaba?
- Não acaba. Aí onde quero chegar.
- Ah. Parece bom.
- A gente pode tomar café juntos. O que acha?
- Acho que prefiro suco.
- Tudo bem. A gente pode trocar de vida(s).
- Como?
- Trocando, ué.
- (silêncio)
- E dançar uma valsa venuniana zuliar.
- Isso não existe.
- A gente inventa.
- (silêncio)
- Só quero você aqui comigo, ok?
- Ok. Mas já tenho que ir embora.
- Ah, entendo. Então até.
- Mas ei.
- Sim?
- Vou me lembrar de você.
- Vai?
- Faz o seguinte, a gente se sonha.
- Sonhemos, então.








"Serás para mim único no mundo
e serei para ti única no mundo"

para Marília,

'qualquer coisa mesmo. Só pra atualizar.'


saudade!

sábado, 12 de junho de 2010

à La belle

Donos dos próprios sonhos, riem soltos.
Enrolados na própria história,
na própria dúvida,
no próprio medo, sorriso e
brilho.
Sapequice escondida no beijo de
um domingo azul.
Intrínsecos. Múltiplos. Vários.
Um.
Redondamente apaixonados.
Crianças. Adultos. Poetas que viriam a ser.
Recheados com licor de cereja
e creme de chantilly.
Inventores dos próprios moinhos, choram soltos.
Divididos em corda-bamba,
ora no céu, ora no chão.
Misturados de poesia, verso e prosa.
Recém-morados, casados,
bebuns.

Aos dourados cachos de Jour: Sim!
Vamos acreditar!

______________
Observações do dia que já não me lembro qual é: parábola da semeadura (você colhe o que planta), efeito cascata/borboleta (você vive o que escolhe/você colhe o que planta), ansiedade do querer fazer (engessamento do cérebro).

quinta-feira, 3 de junho de 2010