quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Inteligência Artificial




A terra chama, grita, reclama, implora.
Treme.
E enquanto as casas não caem,
seu eco fala sozinho. Ao vento... cada dia mais forte.
A bandeira branca está suja de pólvora,
e cheira a cigarro.
Isso me lembra Hiroshima,
não a dos jornais, mas dos livros... a de Sadako.
Culpado? Homem.
Espécie teoricamente mais inteligente e desenvolvida
do Planeta.
Não é diferente agora,
só que essa guerra é ainda mais injusta. covarde.
O inimigo deveria ser aliado,
e não tem uma bruta força armada pra se defender.
Só vida.
Mas tudo bem, está tudo normal.
Não faça nada.
Ou melhor, faça... faça suas doações,
escreva mensagens de amor na sua home page,
de solidariedade talvez.
Para com aqueles que perderam
tudo,
mais que tudo,
perderam seus filhos.
E quem sabe assim a consciência pese menos?
E você possa dormir em paz?
Afinal, foram centenas de pessoas.
Mas não você. Não eu.
Consolo? Abrigo? Alimento?
Não pense que sou contra auxílio e doação. Caridade.
Só quero te abrir os olhos, pra que veja
que o que está feito,
está feito!
Mas talvez, sendo bem esperançosa, a gente pode
prevenir alguma outra bomba.
Apaziguar esse embate.
Ou não.
(o que é infelizmente mais provável...)
Mas é que Eu preciso me sentir parte. ser Humana.
só pra variar.
Se as raízes tem sede, as crianças morrem. de fome.
Todo santo dia. (e nos dias pagãos também)
Isso não para.
Nesse exato momento, elas choram abrigo. proteção. colo.
leite. pai.
Não falo de conspirações
ou de 2012.
Falo do efeito borboleta. Da terceira lei de Newton.
Do mandamento. Do reflexo. Do livre arbítrio.
Hoje, é tarde demais pra Hiroshima, é tarde pro Haiti...
E amanhã.
Pode ser tarde demais pra mim. Pros MEUS filhos.
Falo disso.
E isso. É só o começo!



"É sempre a morte que refresca a memória,
no final só nos restam lágrimas vãs" (Lição - Oficina G3)

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Grito II - poematizado


Porque chega uma hora que precisamos,
depois de tudo engolir,
vomitar;
depois de tanto pensar,
decidir;
depois de tanto iludir,
realizar.
Eu só tenho medo e saudade.
E uma vontade louca de gritar tudo o que senti...
sinto.
Sentirei... medos... dúvidas...
... Traiçoeiras (feras)
Soltas por ai.
Por ali.
Por debaixo da cama.
Enroladas nos lençóis baratos, encardidos.
E por aqui, eu deixo meu grito
mudo,
nessas linhas sínicas que insistem
em desafiar o meu verbo
rasgado,
o meu pulso ferido,
e minha metade-cara desbotada,
preto-e-branca.
Olhando pro espelho em cacos.
E a mão em carne-viva.
Marcas, reflexos... de antes, agora.
Antes, agora...
... e depois?
Depois é ilusão. Só existe quando é.
Eu existo.
Eu sou.
Pó.
Flutuando no vento... insignificantemente.
Transitando
minha pequena e idiota massa corporal.
Alheia
no universo.
Diminuo minha quinesfera...
(só pra falar bem e explicar a imagem)
Preciso de água,
rima,
bom humor,
uma barra de chocolate,
e uma droga de remédio pra dor de cabeça.
Preciso de alguém,
que me diga o que fazer,
em quê crer.
Quê COM acento, independente da reforma.
que se dane a nova gramática.
Porque essa reforma é a
minha.
Trato aqui da MINHA construção
demolida. falida. descascada. pixada. pintada
de cinza.¹
E no reboco uma fagulha do que foi.
Fé?
Amor?
Esperança?
Onde estás, velho Poeta? Onde estão as minhas asas?
Preciso cada vez mais de ti!
Agora, alguém?
Um copo d'água - com açúcar - por favor!


¹"E só ficou no muro tristeza e tinta fresca."