terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Agradecimento.

Dizem que quando a gente encontra a pessoa certa,
entende o porque de não ter dado certo com todas as outras...!

Obrigada, Pai.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

cidade (in)visível.

'Uma cidade santa. Suas muralhas são feitas de pedras preciosas e há doze portas que são doze pérolas. Ela vem descida do céu como noiva adornada para o seu noivo. Não há sol, nem lua pra lhe darem claridade, pois a glória de Deus a ilumina. No centro da cidade há uma praça feita de ouro puro, por onde passa o rio da água da vida, transparente como cristal; no meio da praça há a árvore da vida, que produz doze frutos, um a cada mês do ano, as folhas da árvore são usadas para a cura dos povos. Na cidade, nada entrará de contaminado, nem de abominável ou mentiroso. Não mais haverá maldição.' Vazio é o que sobra quando se perde a fé. A minha cidade existe...!


- partes de texto extraídas de Apocalipse 21.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

inquietações de um dia vazio.


Vazio é um parênteses sem nada dentro.
É o que me sobra se eu perco a fé.
Vazio é o espaço não preenchido, os espaços internos.
O que sobra e o que falta quando você enche a casa de móveis.
Vazio é quando você sente fome, abre a geladeira e percebe
que está na hora de fazer compras.
É quando você não sabe o que dizer, ou simplesmente não tem
palavras pra falar ou explicar algo.
Pode ser um estado de 'sei lá o que me perpassa', de um altismo
poético, ou de devaneios que floreiam os pensamentos como
as brisas no verão, ou nos cataventos da Cidade dos Girassóis.
Vazio é quando você esquece o nome das pessoas, onde estão
as chaves de casa, onde deixou a carteira com os documentos
ou qual é o seu próprio número de celular.
Isso não de se lembrar, vazio.
Vazio é quando você reencontra um velho amigo de infância
e descobre que vocês não tem mais nada em comum.
E fica o vazio dos olhares constragidos sem saber o que dizer.
Vazio é quando você chega sozinho em casa
depois de um dia cheio de pessoas e prepara a mesa de jantar
só pra você.
Vazio é o que eu mais sinto no meio das cidades grandes,
e o que mais se sentia ali.




terça-feira, 9 de agosto de 2011

verde musgo.

aguada de saudades
de sorrisos
e conversas
(passada)
hoje acordei
em poça d'água
a menina dos olhos
se agarra aos cabelos
que é pra não
morrer afogada
em meio às correntezas
do mês de julho
(passado)
sentimentos de sabe-se lá
razões, insônia,
dor de cabeça
hipersensibilidade feminina
talvez?
aflorada.
Chuva seca em terra esverdeada
Lama pura
Verde musgo
Olhos rasos d'água
que teimam não cascatear.
(passagem)
Vontade de ficar
quietinha aqui.


- onde estiverem, permanecem aqui todos os meus amores.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

amor moderno.

Horas e horas na janela
debruçada
e trançada
esperando ele passar
Passa João
Passa Margarida
e do amor não passa nada
nada do amor passar.

Fica ela bem quietinha
vem o sono
puxa uma cantiga
e na janela põe-se a cantar
Passa Carlos
Passa Juliana
e do amor não passa nada
nada do amor passar.

Troca de posição, vira a perna
gira o pescoço
cobre a canela
que o sol já vai se pôr
Passa amigo
Passa parentada
e do amor não passa nada
nadica dele na janela do computador.


quinta-feira, 23 de junho de 2011

Protocolo-Mor (Jogos Teatrais)





E a cabeça é aquele moinho
que vai triturando tudo
que cai dentro
e vão caindo, jogando,
conceitos, chaves, impulsos
emoções, dados,
cartas de tarô.
Vão caindo, não aplicando.
À idéia de aplicar
me vem a imagem daqueles
enfermeiros brucutus
com uma injeção gigante
e um pirulito depois
pra tentar te consolar.
Um mísero pirulito
que ainda faz mal à saúde.
É.
Não gosto de aplicações.
De volta ao moinho,
um rebuliço, tornado de idéias
e sensações, e memórias,
de ventos e porquinhos da índia,
dos amores perdidos
no espaço,
levados pelo vento.
E das sementes de amoras plantadas
em vasinho de barro,
regadas diariamente.
É.
Eu gosto do milagre das sementes.
O desafio da entrega
é pra mim o mesmo do amor.
Da renúncia do orgulho e vaidade,
do estado de risco,
em que você se dá inteiramente
pro outro.
Em que você não pensa no ridículo,
aliás, você não pensa. Embora saiba onde está.
Você ama.
Oferece.
Entrega.
A lição do palhaço,
que mesmo sem saber
estende as mãos e diz:
é isso o que eu tenho
pra oferecer ao mundo.
Mundo,
você pode me amar assim?




segunda-feira, 13 de junho de 2011

um recorte de Alma Funda.


Em Alma Funda há tanta chuva guardada pra jorrar.
Tanta que poderia encher o mundo, o universo.. o solar.
O que foi semente, hoje é folhinha,
pequena assim
tal qual um grão,
a gente planta achando que é rosa
e quando vê só vem botão.

Viva a água de cada dia.
Viva a água.
Viva João.

Em Alma Funda há tanta faísca, tanto carvão pra queimar.
Tanto que poderia ser mil vezes sol, vulcão ativo, potência lunar.
O que foi ferro, hoje é armadura,
firme assim
tal qual diamante,
a gente olha achando que é chapéu
e quando vê é elefante.

Viva o fogo de cada dia.
Viva o fogo.
Viva Rocinante.

Em Alma Funda há tanta água, tanto fogo, terra e céu.
Que as coisas todas se confundem se tornando incomparáveis, favo com abelha e mel.
O que foi - foi, o que hoje - é,
simples/complicado assim
tal qual coração de mulher,
a gente olha achando que é lírio
e quando vê é bem/mal-me-quer.

Viva o dia de cada dia.
Viva o dia.
Viva José.


Viva os pés descalços.

sábado, 4 de junho de 2011

c'est la vie!

O rio continua seu curso. Calmaria pós-tempestade. Ela o segue. Com uma quase felicidade serena. Ansiedade controlada. Aprendendo a descansar no leito das águas. Ela o busca. Ela o espera. Respira. Inspira. Força e fé. Tudo lhe parece um filme, assistido pela milhonésima vez. Um passarinho verde lhe susurra ao ouvido 'agora é diferente'. Mas isso lhe soa igual. Ela ora. Ora no céu. Ora no chão. Eles voam até o mais profundo oceano. E mergulham céu adentro. Ela chora baixinho, dizendo... Cuidem de mim. De nós. De todos. Cuidem dos anjos pra que digam amém.

terça-feira, 31 de maio de 2011

sobre o que se pode fazer quando se tem a faca e o queijo na mão.


1. Cortar o queijo e comê-lo.

2. Cortar o queijo. Trabalhar pra conseguir comprar ovos, leite, óleo, polvilho e sal. Colocar o polvilho em tigela grande. À parte aquecer o leite e óleo. Escaldar o polvilho. Esperar que ele esfrie. Acrescentar os ovos. Enrolar bolinhas e colocá-las na assadeira. Levar em forno médio. Esperar que as bolinhas virem lindos e deliciosos pães-de-queijo. Então, comê-los.




Nham nham...
Em espera.


ps.: ao escolher a segunda opção, você terá de sujar as mãos.

domingo, 29 de maio de 2011

pausa pra respirar e soprar velhinhas, ops, digo, velinhas...



Post especial de feliz aniversário pra minha maninha Lilinha que hoje está na França.. Que Deus te abençõe imensamente, que venham muitas outras primaveras - cada qual mais florida - pra você! Você faz muita falta! Te amo demais!!!

sábado, 28 de maio de 2011

por favor, permaneçam calmos, estamos passando por pequenas turbulências.


Escrevo na tentativa de desembaralhar meu pensamento. É difícil falar quando a gente mesmo não sabe o que sente. Sensação de impotência e descaso, mesmo ciente dos meus motivos. A consciência fica tranquila ao constatar que dei o que pude. E pesa ao pensar o quão pouco foi isso. Caio do velho barquinho nas águas turbulentas do rio, aquele do abismo, que bifurca-se. Agarrada em pedra viva, meio a correnteza - como Alice afogando-se nas próprias lágrimas segura-se ao dodô. Acho um vidrinho de pílulas com a seguinte mensagem: dê a preferência. Se eu mordo de um lado, cresço, do outro, diminuo. O caso é que os lados não estão apontados. E diferente da fábula não há como experimentar um após o outro. Como se um dos lados sumissem logo após a primeira escolha. Chamo por uma estrela-cadente, um trevo de quatro folhas, um vidente, uma lâmpada mágica... Rio desse momento de desespero. Discernimento. Sabedoria. Peço ajuda. Imploro socorro ao Poeta que me guia. Silêncio. Silencio. Alguém? Uma voz suave de mãe diz: não pensa, segue seu coração, menina. O que mais tem é coisa preto-e-branco por aí. Mas o medo que paralisa é o mesmo que me impulsiona a ser forte. Aquele segundo do 'quando achar que não vai mais aguentar, respira e sustenta'. Desculpas à quem devo desculpas. Amor Àquele a quem devo todo o amor. Eu detesto finais e despedidas. É só isso que se passa em meu silêncio. Que grita.



"Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia. Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar." I Co 10:12 e 13

quinta-feira, 12 de maio de 2011

sobre o todo.


No reino tudo há de ser possível. E as mudanças, seja quais forem, virão para o bem, mesmo que a gente demore um pouco pra perceber. Os astros entram na minha casa. Invadem a minha janela. E me dizem baixinho assim.... fé, menina. As pessoas ficam pelo caminho. E o caminho feito de pessoas não fica, vai junto. Uma massa abarrotada anda devagar... Passado e presente se misturam na saudade de dias simples assim, em que a gente cantarolava e ria, e ria e cantarolava, e cantaro... Lá.. Vá.. Pra onde for, mas permaneça aqui. O milagre da semente e da sustentação das estrelas. Há de ser maior. Melhor. Vaaaaaasssto to to. Eco. Grande. Me perco no infinito e na maravilha de ser, simplesmente. Cheia. Aberta. Mergulhada aqui. E quando tivermos frente a dois pôr-dos-sóis... Um abraço infinito.




terça-feira, 26 de abril de 2011

reencontro de dois-um.

Guardo a minha canção
pra quando você voltar.
Eu te canto bem baixinho
se você me acompanhar.
Se você me prometer,
que sempre eu vou te ter,
independente do lugar.

E fica essa sensação 'boba' de que já te conhecia de algum lugar. Um lugar maior, quem sabe. Nosso esconderijo secreto.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

sobre o dom supremo.

"Ainda que eu fale a língua dos homens e dos anjos, se não tiver amor serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios da ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará. O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba; mas havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará; porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos. Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das cousas próprias de menino. Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor." (I Epístola de Paulo aos Coríntios, capítulo 13)


quinta-feira, 14 de abril de 2011

chuva fina.

Eu quero o seu brilho.
Abraço. Carinho.
Eu quero o seu sopro.
Amor de mansinho.
Não quero um pouco.
Lhe quero todinho.
Daquele jeitinho,
na beira do porto,
casa de reboco,
com água de côco,
de chuva ou de vinho.
Me canta no ouvido,
me arranca um suspiro,
me avoa contigo,
pro nosso infinito,
pro nosso cantinho,
ali bem juntinho,
de rede ou de ninho,
chuva ou sol à pino,
você aqui comigo.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Sobre Alminhas.

Quando as alminhas desencarnam, inexperientes, são ansiosas e destemidas, pois ainda não conhecem as coisas ruins da vida, ops, digo, pós-vida, logo, saídas do puleiro das almas encarnam na primeira coisa viva que vêem, sem pensar nas consequências que esse ato impensado pode causar. À medida que as alminhas vão 'vivendo' várias encarnações, elas vão ganhando experiência e já selecionam melhor quem ou no que elas vão encarnar. Elas já não aceitam qualquer corpo. (como muito bem lembrado pela L. Pinto) As alminhas podem se confundir e acabar encarnando onde já existe uma alma, o que pode acarretar numa série de problemas e perturbações para o ser em questão. Alminhas não gostam de cheiro de carcaça de baleia, não gostam de comer carne humana, não gostam de encostar em coisas 'molengas' e não gostam de ver mulheres negras dando à luz na senzala. Alminhas também não gostam do som que as baleias fazer quando são mortas.



Ps.: eu não acredito em alminhas.

domingo, 10 de abril de 2011

Baile de Máscaras 18/02/11


Baile de Máscaras com Grupo Teatro no Mi, dia 18/02/11 no Mercado Municipal de Uberlândia.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

meu tempo de dar tempo ao tempo.

Uma de minhas passagens favoritas...



"Tudo tem o seu tempo determinado,
e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
Há tempo de nascer, e tempo de morrer;
tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;
Tempo de matar, e tempo de curar;
tempo de derrubar, e tempo de edificar;
Tempo de chorar, e tempo de rir;
tempo de prantear, e tempo de dançar;
Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras;
tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;
Tempo de buscar, e tempo de perder;
tempo de guardar, e tempo de lançar fora;
Tempo de rasgar, e tempo de coser;
tempo de estar calado, e tempo de falar;
Tempo de amar, e tempo de odiar;
tempo de guerra, e tempo de paz."


(Eclesiastes 3: 1-8)

terça-feira, 29 de março de 2011

Auto de Varal

Fotos super atrasadas do 'Auto de Varal', peça apresentada pelo grupo Teatro no Mi em dezembro de 2010, nas praças de Uberlândia - MG. =)

Pega, Lucas, pega!

Kamehame-há.

José e Maria na estrebaria. (rimou! :P)

Grupo Teatro no Mi

sábado, 26 de março de 2011

Protocolo de Jogos Teatrais

Diário de bordo de uma pseudo-atriz-jogadora em crise.
Dos diferentes significados da palavra jogar.

(sobre escada, vendas, fuxicos e nariz de palhaça. sobre Florela)

Jogo... Divertimento, exercício*. Mas exercício do que? Posso dizer que exercício é uma prática... Daí teríamos Práticas Teatrais...? Mas isso não resolveria a história do ‘aplicados’. Ah, deixa pra lá. Voltemos aos jogos. Jogo... Exercício ou passatempo entre duas ou mais pessoas das quais uma ganha, e a outra, ou as outras, perdem. Perder? Nananinanão. Nada disso. A gente não perde, a gente desaponta expectativas. Ignorem essa definição ai. Não... Mas posso concordar que o jogo acontece quando há mais de uma pessoa. Mas espera. Tinha aquele jogo da bola na parede que eu brincava sozinha em casa... E se eu for fazer um monólogo não tem jogo? O André lá com os objetos no protocolo dele, era jogo! Bom, então posso colocar ai o jogo com a platéia, com os objetos cênicos, com a iluminação e com a própria cena. Ou isso é relação e não jogo? Mas o jogo não se encontra na relação? Então no fim das contas vai dar no mesmo. Pausa. Respira, Letícia, pensa... 'Pode-se dizer que jogo é o que se faz, é o que acontece quando... Se joga'. (risos) Mas o que é jogar mesmo? Vamos lá. Jogar: Manejar com destreza. Essa eu vou cortar também. Afinal, se você não tem destreza não joga? Como assim? Porque o lugar do jogo é justamente o lugar de risco, onde não cabe a destreza posto que é imprevisível pra quem se encontra lá, você não sabe o que vai acontecer quando se coloca em jogo. Existem artifícios sim que você cria consciente e inconscientemente pra se sair bem no jogo, digamos que algumas cartas na manga. Mas nunca se sabe quando vai funcionar ou não... descartada! Jogar... Aventurar... Agora sim. Aventurar sim, me parece um correspondente à altura. O teatro em si é uma grande aventura. Jogar nada mais poderia ser então, do que se lançar dentro dela... Essa eu gostei, vai pro meu mural. Arremessar... Arremessar também não deixa de ser um pouco disso. Você lança, você dá, e nunca sabe o que vai voltar, como vai voltar e SE vai voltar.. O ioiô da Maria Bonita... O texto da Talita, você dá um estímulo e pá – pode sair qualquer coisa dali, você arremessa... Gostei também. Brincar... O ‘brincar’ me trás uma coisa da inocência, da criança mesmo, da espontaneidade, aquele momento quase mágico em que você esquece de tudo na sua vida e simplesmente... Brinca. Como os marinheiros da Europa-pá... E o ‘brincar’ pra mim ainda vai além, me trás aquele brilhinho no olho de quando a gente vê alguém realmente se divertindo no palco. Sem medo de ser feliz.... Coisa mais delícia! E por último e não menos importante... Dar-se ao jogo... E aqui trato de um ponto que pra mim é o mais difícil e mais fundamental no teatro e no jogo – a doação, a entrega, a oferenda. Aquilo de você não ter reservas, você se dá e pronto. Daí eu já lembro do clown do Narciso, você tem isso pra oferecer pro mundo então você oferece e ...


'Eu vim pra me dar pro jogo.
Sem reservas, sem medo
do ridículo.
De olhos vendados,
eu me dou pra vocês!'

*Todas as palavras destacadas em itálico são definições retiradas do dicionário online de língua portuguesa Priberam

quarta-feira, 23 de março de 2011

um pouco das lágrimas... de quem?

Tantos passos. Rumos. Caminhos. A gente sempre acha que está escolhendo o melhor. E escolhe mesmo, por acreditar. 'Ninguém foge do seu destino'. A verdade é que não acredito em nada disso. Mas acho poético. E por isso escrevi. Acredito em Deus. E que Ele é amor. Procuro, então, o que há de sagrado e que me aproxima dessa porção divina. 'Caminhando entre as ruas que cheiravam a jasmim'. Se me recordo bem, começava assim a história. Da moça. Do furacão. Do amor impossível e blá blá blá. Tudo isso não existe, afinal? E quem foi que esqueceu de me avisar? Deixa.. O senhor de óculos no ônibus de hoje me parecia tão triste que não soube o que falar. Queria ter tido na mão uma flor. Aliás, a gente sempre devia andar floreado, que nunca se sabe quando alguém ao seu lado carece de perfume. Não consigo deixar de pensar no quanto é injusto que me venha procurar agora. Logo agora? Que já passou o tempo de cuidar de mim? De nós? De tudo? O agora passou! E nessa bagunça, eu acabei ficando perdida no tempo. Um anjo que me resgatou. De cabelos cacheados. (ah, se eu tivesse cachinhos!) Mas o caso é que a 'fusaca' foi tamanha, que mesmo resgatada, ficou a sensação de dano. A vontade era fazer o barraco com direito a puxão de cabelo, olho roxo e unha quebrada. Que é pra ninguém dizer que eu não briguei. Estúpida e ridiculamente me abstenho. Finjo que não tô aí. Mas eu tô. Vou guardando os caquinhos como se fosse mais fácil assim. Mas o apego ao passado empaca o presente. Por isso decidi jogar pela janela o que restou do nosso arco-íris. Decidi. Tá decidido. Só que ainda me falta a coragem... Pulando pro palco um segundo de poesia. Coisa mais delícia. Me é certeiro, aquilo das lágrimas e dos sorrisos, de Heráclito e de... como era mesmo o nome? Não é o importante. E dane-se o acerto com o texto. Deu vontade de pintar de novo. E de estudar mais filosofia. E é aí que a porra-da (risos e homenagem à professora-atriz) do teatro acontece. Quando o artista - enfim - consegue bater direto no coração da gente, assim mesmo, sem nem pedir licença. Entra lá e esmaga, pisoteia. E você volta pra casa sem ar. Sem chão. Ou melhor. Triste. Ironicamente sem saber se ri ou se chora. Daí em seguida você se depara com aquelas mesmas mediocrices de antes do espetáculo começar. E percebe que o mundo lá fora continua igual. Será que só você mudou? Naquela mísera fracção de tempo? E aquele segundo mágico - puft! Passou? Sim. Passou! Como o romance da sua vida... Isso. Aquele mesmo. Que durou seis meses. E nada mais. Mesmo. Nada mais a dizer. Só um '- Acorda, Letícia!' É foda.


[Senhor, me dá paciência. Me dá muito amor e uma pontinha de paz. Agora senta cá ao meu lado. Senta?! Fica comigo?! Porque sozinha... Bem, sozinha eu não consigo.]

sábado, 12 de março de 2011

Descanso.


Quando você tem tanto pra dizer que mal sabe por onde começar. Mas começo.

Na verdade. Agora. Recomeço.

O que há de renovado veio do fogo. Como fênix das cinzas. A falsa sensação de liberdade de tudo aquilo que na verdade só te machuca por dentro (e por fora). Tal qual câncer mal curado.

Agora tudo queimado. Soprado. Levado. Um mar de esquecimento.

O que há de poesia veio do céu. Como águia do ninho. A maravilhosa sensação de maresia, de tudo aquilo que te acalma por dentro (e por fora). Tal qual colo de mãe.

Agora tudo nascido. Abraçado. Voado. Uma floresta de vastidão.

O que há de amor veio da tempestade. Como rio que transborda. A incrível sensação de medo, de tudo aquilo que te apavora e excita - ao mesmo tempo - por dentro (e por fora). Tal qual criança na expectativa do tão esperado presente.

Na verdade. Agora. Revivo.

Quando você tem tanto pra dizer que não sabe como terminar. E não termino.


"Tudo tem o seu tempo determinado,
e há tempo para todo o propósito debaixo do céu." Ec 3:1

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Bailarina II - Desmentindo Chico


Bailarina
da perna quebrada,
da saia rasgada,
do cabelo chanel.
Menina
do café requentado,
dos dias nublados,
do sonho e do céu.

Bailarina (continua)
sem Soldado-de-Chumbo...


[quem disse que ela não tem?]

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

tire o seu sorriso do caminho...


chegou correndo, suada, cabelos emaranhados do bater ao vento. respirava ofegante, como se quisesse falar e sugar, ao mesmo tempo, todo o ar do mundo e toda a essência dele. a porta se abriu. estava ali parado, intocável, com uma leve ruga - quase imperceptível - entre os olhos fundos. cara-a-cara com ela. ficou muda. perdeu a voz. e o tempo. as mãos frias e vazias. nada trazia. nada dizia. ele sorriu. e partiu. - você nunca sabe o que quer...

sábado, 29 de janeiro de 2011

e agora... ?



"E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?"


(José - Carlos Drummond de Andrade)